domingo, 19 de abril de 2009

Texto para o 8º Ano

Cartas a Théo

Maio de 1890

Fiz duas telas da relva fresca no parque, uma das quais é de uma simplicidade extrema. Veja o rápido esboço.
Um tronco de pinheiro violeta-rosado e a seguir a relva com flores brancas e dentes-de-leão, uma pequena roseira e outros troncos de árvores ao fundo, bem em cima da tela. Estando lá fora estou certo de que a vontade de trabalhar me devorará e me tornará insensível a todo o resto, e de bom humor.
E eu me deixarei ir não sem reflexão, mas sem insistir em lamentar coisas que poderiam ter acontecido. Dizem que na pintura não se deve procurar nada, nem nada esperar, além de um bom quadro e uma boa conversa e um bom jantar como felicidade máxima, sem contar os incidentes menos brilhantes. Talvez seja verdade, e por que recusar-se a aceitar o possível, sobretudo se assim fazendo enganamos a doença?

Vincent van Gogh
Cartas a Théo. Porto Alegre, L&PM, 2002.
Coleção Rebeldes Malditos

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