
Fotos: Alexandre Fukuda
Obras dos grafiteiros "Os Gêmeos" em exposição em São Paulo em 2006
Alunos do 2º Ano
Como muitos e-mails voltaram, resolvi reativar este blog para colocar os textos para vocês. Espero assim facilitar a pesquisa sobre Arte Contemporânea.
GRAFITE
Por Eliene Percília e Sílvio Anaz
A arte do grafite é uma forma de manifestação artística em espaços públicos. A definição mais popular diz que o grafite é um tipo de inscrição feita em paredes, dessa maneira temos relatos e vestígios do mesmo desde o Império Romano. Seu aparecimento na idade contemporânea se deu na década de 1970, em Nova Iorque, nos Estados Unidos. Alguns jovens começaram a deixar suas marcas nas paredes da cidade, algum tempo depois essas marcas evoluíram com técnicas e desenhos.
O grafite está ligado diretamente a vários movimentos, em especial ao Hip Hop. Para esse movimento, o grafite é a forma de expressar toda a opressão que a humanidade vive, principalmente os menos favorecidos, ou seja, o grafite reflete a realidade das ruas.
O grafite foi introduzido no Brasil no final da década de 1970, em São Paulo. Os brasileiros por sua vez não se contentaram com o grafite norte-americano, então começaram a incrementar a arte com um toque brasileiro, o estilo do grafite brasileiro é reconhecido entre os melhores de todo o mundo.
Muitas polêmicas giram em torno desse movimento artístico, pois de um lado o grafite é desempenhado com qualidade artística, e do outro não passa de poluição visual e vandalismo. A pichação ou vandalismo é caracterizado pelo ato de escrever em muros, edifícios, monumentos e vias públicas. Os materiais utilizados pelos grafiteiros vão desde tradicionais latas de spray até o látex.
Produto da cultura jovem, a arte do grafite associou-se à música, principalmente ao hip-hop. Por conta disso, várias capas de discos acabaram sendo criadas por grafiteiros e muitos dos grafites urbanos foram inspirados nas canções do gênero.
Nas últimas décadas, ele consolidou-se como uma parte importante da cultura pop e, principalmente, após o reconhecimento do talento e da qualidade dos grafites feitos por Jean-Michel Basquiat, vários outros grafiteiros ganharam espaço em galerias de arte e exposições no mundo inteiro. Mas há ainda muita polêmica. Em importantes centros urbanos, várias medidas legais foram adotadas para se combater a ação de grafiteiros, consideradas como vandalismo. Também, tintas anti-pichação e outros sistemas de proteção têm sido inventados para inibir essa prática. Sinais de que a arte do grafite está ainda longe de ser uma unanimidade.
A Pop Arte foi importante influência na formação do Grafite contemporâneo.
A técnica do estêncil
O uso de estêncil é uma das técnicas mais utilizadas pelos grafiteiros em São Paulo e outros centros urbanos. A partir de uma matriz, desenhada e recortada em um papel suficientemente duro ou outro material, cria-se uma espécie de fôrma ou máscara. Ela é então colocada na superfície a ser grafitada e sobre ela aplica-se a tinta com rolo ou em spray. Muitas vezes, os detalhes são complementados à mão livre. O uso do estêncil tornou-se bastante popular uma vez que é uma técnica rápida e que facilita a disseminação de uma marca pessoal do grafiteiro ou de um grupo. O estêncil ganhou sofisticação com o passar dos tempos, com a inclusão de recursos fotográficos para ampliação e montagem de obras mais complexas. Além disso, a arte de grafitar a partir de uma máscara evoluiu para os adesivos ou stickers, que são normalmente aplicados em telefones públicos e postes.
Grafite e pichação, arte e vandalismo
Ambos são expressões jovens que se manifestam nas ruas. Os dois vêem a cidade como uma imensa tela a ser pintada. Para fazer isso, eles usam praticamente os mesmos materiais. No entanto, pichação e grafite são considerados esteticamente diferentes. E apesar dos dois terem nascido na clandestinidade, enquanto a pichação continua a carregar uma conotação de vandalismo, o grafite já é reconhecido como uma forma de manifestação artística. A partir dos anos 90, muitas administrações municipais e proprietários de negócios, nos principais centros urbanos, inclusive no Brasil, destinaram alguns espaços públicos e fachadas de prédios comerciais e fábricas para que os grafiteiros desenvolvessem suas obras. Mas, os limites entre pichação e grafite são tão tênues e polêmicos que muitas confusões continuam a alimentar essa discussão. Em junho de 2008, alunos do Centro Universitário Belas Artes, em São Paulo, picharam a fachada da instituição. O ato seria parte do trabalho de conclusão de curso de um dos alunos e teria a intenção de propor rediscutir o conceito de arte. Eles acabaram presos e o autor da idéia, expulso. No começo de julho, também em São Paulo, uma empresa contratada pela Prefeitura, para limpar as pichações pela cidade, apagou os grafites que estavam em um imenso mural numa das principais avenidas da cidade. Entre elas, um trabalho da dupla de grafiteiros “Os Gêmeos”, que têm grafites nas fachadas e muros de Nova Iorque, Londres e outros importantes centros urbanos no exterior. A Prefeitura alegou que foi sem querer. Seja grafite ou pichação, essa ação é considerada crime no Brasil pela Lei dos Crimes Ambientais, com pena de prisão de três meses a um ano e multa.
Principais termos e gírias utilizadas nessa arte:
• Grafiteiro/writter: o artista que pinta.
• Bite: imitar o estilo de outro grafiteiro.
. Boneco: é o grafite que representa uma figura humana.
• Crew: é um conjunto de grafiteiros que se reúnem para pintar juntos.
. Fame: aquele que já tem o trabalho reconhecido pelos outros grafiteiros.
. Piece: um grafite com pelo menos três cores.
• Tag: é assinatura de grafiteiro.
• Toy: é o grafiteiro iniciante.
• Spot: lugar onde é praticada a arte do grafitismo.
Fontes de Pesquisa
http://lazer.hsw.uol.com.br/grafite2.htm - acesso em mar 20/03/2011
http://www.brasilescola.com/artes/grafite.htm - acesso em mar 20/03/2011
INTERVENÇÃO
Definição
A noção de intervenção é empregada, no campo das artes, com múltiplos sentidos, não havendo uma única definição para o termo.
Na área de urbanismo e arquitetura, as intervenções urbanas designam programas e projetos que visam à reestruturação, requalificação ou reabilitação funcional e simbólica de regiões ou edificações de uma cidade. A intervenção se dá, assim, sobre uma realidade preexistente, que possui características e configurações específicas, com o objetivo de retomar, alterar ou acrescentar novos usos, funções e propriedades e promover a apropriação da população daquele determinado espaço. Algumas intervenções urbanísticas são planejadas com o intuito de restauração ou requalificação de espaços públicos, como as conhecidas revitalizações de centros históricos, outras objetivam transformações nas dinâmicas socioespaciais, redefinindo funções e projetando novos atributos.
Como prática artística no espaço urbano, a intervenção pode ser considerada uma vertente da arte urbana, ambiental ou pública, direcionada a interferir sobre uma dada situação para promover alguma transformação ou reação, no plano físico, intelectual ou sensorial. Trabalhos de intervenção podem ocorrer em áreas externas ou no interior de edifícios.
O termo intervenção é também usado para qualificar o procedimento de promover interferências em imagens, fotografias, objetos ou obras de arte preexistentes. Intervenção, nesse caso, possui um sentido semelhante à apropriação, contribuição, manipulação, interferência. Colagens, assemblages, montagens, fotografias e desenhos são trabalhos que freqüentemente se valem desse tipo de procedimento.
Os projetos de intervenção são um dos caminhos explorados por um universo bastante diverso de artistas interessados em se aproximar da vida cotidiana, se inserir no tecido social, abrir novas frentes de atuação e visibilidade para os trabalhos de arte fora dos espaços consagrados de atuação, torná-la mais acessível ao público e desestabilizadora e menos mercantilizada e musealizada. Tal tendência, marcante da arte contemporânea, é geradora de uma multiplicidade de experimentações artísticas, pesquisas e propostas conceituais baseadas em questões ligadas às linguagens artísticas, ao circuito da arte ou ao contexto sociopolítico.
As linguagens, técnicas e táticas empregadas nesses trabalhos são bastante heterogêneas. Intervenções podem ser ações efêmeras, eventos participativos em espaços abertos, trabalhos que convidam à interação com o público; inserções na paisagem; ocupações de edifícios ou áreas livres, envolvendo oficinas e debates; performances; instalações; vídeos; trabalhos que se valem de estratégias do campo das artes cênicas para criar uma determinada cena, situação ou relação entre as pessoas, ou da comunicação e da publicidade, como panfletos, cartazes, adesivos (stickers), lambe-lambes; interferências em placas de sinalização de trânsito ou materiais publicitários, diretamente, ou apropriação desses códigos para criação de uma outra linguagem; manifestações de arte de rua, como o grafite.
Diferentes trabalhos de arte podem ser qualificados como intervenção, não havendo, portanto, uma categorização única ou fronteiras rígidas que a separem da instalação, land art, site specific, performance, arte postal, arte xerox, mas sim uma confluência entre as tendências.Tomando o significado do vocábulo intervenção - como ação sobre algo, que acarreta reações diretas ou indiretas; ato de se envolver em uma situação, para evitar ou incentivar que algo aconteça; alteração do estabelecido; interação, intermediação, interferência, incisão, contribuição - podemos destacar alguns aspectos que singularizam essa forma de arte: a relação entre a obra e o meio (espaço e público), a ação imediata sobre determinado tempo e lugar, o intuito de provocar reações e transformações no comportamento, concepções e percepções dos indivíduos, um componente de subversão ou questionamento das normas sociais, o engajamento com proposições políticas ou problemas sociais, a interrupção do curso normal das coisas através da surpresa, do humor, da ironia, da crítica, do estranhamento. A reversibilidade de sua implantação na paisagem, seu caráter efêmero, é outra características das intervenções.
Algumas referências teóricas importantes para essa forma de expressão artística são o movimento situacionista e a fenomenologia, e, entre os movimentos estéticos, o dadaísmo, o minimalismo, a arte povera e a arte conceitual. No plano internacional, entre as diversas práticas artísticas que podem ser identificadas com intervenções estão trabalhos de artistas bastante diferentes, como Richard Long (1945), Christo (1935), Richard Serra (1936) e Gordon Matta-Clark (1943 - 1978). No contexto brasileiro, alguns trabalhos de artistas como Flávio de Carvalho (1899 - 1973), Hélio Oiticica (1937 - 1980), Lygia Clark (1920 - 1988), Cildo Meireles (1948), Artur Barrio (1945), Paulo Bruscky (1949), grupo 3nós3, Dante Veloni (1954), podem ser considerados precursores das intervenções.
Como prática artística, as intervenções se consolidam no Brasil nos anos 1970, com propostas de grupos de artistas como o 3nós3, Viajou sem passaporte e Manga Rosa, que tomaram a cidade como campo de investigação e procuraram expandir o circuito de arte e a noção de obra de arte. Tais ações consistiam geralmente na introdução de elementos estranhos em situações cotidianas, com o objetivo de alterar a ordem habitual e buscar uma comunicação mais direta com o público.
No decorrer dos anos 1990 despontam intervenções orientadas por novas estratégias, trabalhos que mantêm em comum com os realizados em períodos anteriores a procura por alternativas aos circuitos oficiais e em atingir diretamente o público, mas que possuem um caráter marcadamente engajado, voltado a interferir numa situação dada para alterar seu resultado, numa tendência geral conhecida como artivismo. Tais projetos artísticos, geralmente empreendidos por coletivos de artistas existentes nas principais capitais do país, com freqüência se ligam a movimentos sociais ou comunitários, a iniciativas de organizações governamentais ou causas internacionais, como a diminuição da poluição e a crítica à globalização e ao neoliberalismo.
Diversas intervenções artísticas se concretizam sem licença para serem realizadas, por vezes ilicitamente. Tornam-se cada vez mais comuns as intervenções desenvolvidas com a aprovação institucional ou como encomendas especialmente projetadas para um determinado local, financiadas por uma instituição ou instância pública. Estas geralmente ocorrem no interior de museus, centros culturais ou galerias, espaço no qual o artista introduz elementos e materiais imprevistos, ou dispõe objetos corriqueiros, num arranjo inusitado, desvirtuando sua funcionalidade e provocando um estranhamento nos visitantes.
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